quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cargos comissionados na Educação.

Já escrevi no Blog e também no Jornal A Voz Ipuanense sobre o que penso a respeito dos cargos de confiança na Educação Pública Municipal.

Em razão da recente notícia sobre o tema, das frequentes discussões sobre o tema, republico abaixo o que eu penso sobre o tema.

Sem embasamento jurídico, até porque sou educador e não advogado.

As palavras abaixo refletem a opinião de um educador sobre a maneira mais correta de se preencher cargos comissionados na Educação.




Gestão escolar em Ipuã: 3 sugestões para o preenchimento de cargos
Por Orandes Rocha*

Com o advento da municipalização do ensino a partir de final dos anos de 1990 e começo dos anos 2000, muitas cidades (inclusive a nossa) optaram por preencher os cargos existentes nas escolas (Diretor, Vice Diretor e Coordenador Pedagógico) por livre nomeação do Chefe do Executivo Municipal.

No caso Ipuanense, dos cargos de Diretor e Vice Diretor, exige-se apenas o diploma de Pedagogia, e do Coordenador Pedagógico, apenas diploma de Ensino Superior, sem ao menos exigir que seja Licenciatura.

Se por um lado permite ao governante escolher pessoas com notório conhecimento e competência na área educacional e de sua estrita confiança, por outro, abre uma fenda para utilizar-se destes cargos como loteamento político ou agraciar militantes e correligionários.

Seguem abaixo, três sugestões para se alterar o preenchimento destes cargos em nosso município:

01 – Concurso público.

Abre-se concurso para Diretores, Diretores Adjuntos e Coordenadores Pedagógicos.

Um concurso de nível difícil, realizado por empresa renomada, exigindo no mínimo, além da formação em Pedagogia, Pós Graduação em Gestão Educacional.

02 – Cargos de livre nomeação (indicados) com critérios mais específicos.

Por exemplo:

Para ser nomeado(a) Diretor(a), deve ser Professor(a) efetivo(a) no Município há pelo menos 5 anos e estar com o cargo de professor(a) na escola a ser nomeado(a) há no mínimo 3 anos.

Além de ser formado(a) em Pedagogia, com Pós Graduação em Gestão Escolar.

Com isso, garantiria a nomeação de profissional com experiência e vínculo com a escola, além de elevada qualificação técnica para o cargo.

03 – Gestão democrática.

Muito mais que apenas uma eleição dos gestores da escola, esta ideia seria talvez a mais ousada, haja visto que necessitaria de ser implantada gradativamente nas escolas e iria requerer muito tempo, com avaliações sucessivas sobre o sucesso do projeto.

Com a eleição dos cargos de Diretor(a) obedecendo critérios específicos para a candidatura (os mesmos anteriormente citados) e votação envolvendo professores, alunos, APM e entorno da escola (bairro em que a escola está inserida).

Abordarei esta questão em especial com mais detalhes em outra oportunidade.


Seja como for, não acredito que algum político de nossa cidade, seja ele qual for, estaria interessado em abrir mão da possibilidade de distribuir mais de 20 cargos (se contarmos 5 Escolas, com 3 empregos cada, Escola de Educação Infantil com 2 empregos e as 5 Creches e CEARDI com 1 emprego cada um).

Das alternativas apresentadas acima, a 2ª me parece a mais viável.

Uma livre nomeação mas com critérios, o que em algumas escolas, como as de PEB I, ajudaria ainda a resolver também o grave problema dos professores adidos (efetivos mas sem aulas), uma vez que as classes deixadas pelos professores nomeados para cargos de gestão naquela unidade escolar, seriam invariavelmente atribuídas aos adidos.

Além de fortalecer os vínculos do gestor com os demais agentes escolares, professores, alunos, pais e comunidade, implantando em conjunto com todos eles uma “filosofia” de trabalho que mesmo em caso de substituição futura, garantiria a continuidade da gestão em prol da melhoria da qualidade da educação.

Seria um bom começo para se pensar em política pública para a gestão escolar. Política pública que é diferente, e muito diferente da política de governo. Enquanto esta última nasce da vontade de um governante eleito pelo voto direto do povo, a primeira é fruto de uma discussão ampla envolvendo toda a cadeia hierárquica da Educação Municipal, além de sociedades classistas, ONG’s e comunidade do entorno da escola.

Mas isso é assunto para outra ocasião.

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